TEMPOS DE CANÇÃO

capa alvaroé um calendário musical com uma canção de Álvaro Cueva de Moraes para cada mês do ano. De qualquer ano. Uma reverência a todos os tempos, onde das mais variadas formas e em diversos meios diferentes, a canção se perpetuou como elo maior entre o ser humano e seus próprios sentimentos, sejam coletivos ou pessoais. Ouvimos demais nos últimos anos a idéia de que o formato canção está morrendo. Que esta já cumpriu seu papel etc. O álbum é uma contestação a este raciocínio, apesar da ironia do autor. Diz Álvaro: “Já houve um tempo em que as canções nos comoviam. A ciência, a psicologia e a medicina sabiam menos sobre os efeitos de nossas emoções sobre nosso corpo e em nossas vidas. Sabiam menos, ou noticiavam menos, ou talvez as canções valessem mais. E todos nós nos identificávamos com elas, chorávamos, sorríamos e vibrávamos, ao som das palavras e das notas que nos liam, nos contestavam e nos embalavam. Tínhamos nas canções guarida, esperança e principalmente contato com nossas próprias emoções. Que hoje só encontramos em nossos analistas. Ou escondemos na felicidade das praças de alimentação onde consumimos”. O disco soa como um claro contraponto à mesmice do mercado, como um manifesto gritando que por mais que haja crises no mundo da produção fonográfica, a canção não há de morrer por ser um dos maiores patrimônios culturais do ser humano. No Brasil, especialmente. Algo que passa de geração em geração, ao largo e apesar dos contratempos.